Resenha: O Garoto no convés - John Boyne




Título: O Garoto no Convés
Autor: John Boyne.
Páginas: 325.
Editora: Companhia Das Letras.
Sinopse: Aos catorze anos de idade, o órfão John Jacob Turnstile perambula pelas ruas de Portsmouth, no sul da Inglaterra, cometendo pequenos furtos. Dois dias antes do Natal de 1787, porém, o que tem início como apenas mais uma delinquência resulta numa série de acontecimentos que mudarão sua vida para sempre. Para escapar da prisão, embarca às pressas num navio da marinha inglesa na função de criado do capitão. Seu plano é fugir na primeira oportunidade, mas o que o aguarda é uma aventura de proporções épicas, na qual não faltarão conflitos entre os membros da tripulação, tempestades, portos exóticos, ilhas paradisíacas e um motim, que acabaria por se tornar o mais famoso da história naval. Do mesmo autor de O menino do pijama listrado, O garoto no convés é uma empolgante mistura de romance de formação, aventura marítima e reconstituição histórica. É também o tocante relato das descobertas de um adolescente que parte em uma jornada perigosa de um passado traumático.

Totalmente leiga segundo o assunto, o típico livro comprado por um dos motivos banais possíveis: capa ou autor (no caso, a segunda opção). Cedida pelos encantos da escrita de John Boyne, adquiri o exemplar para ser surpreendida por um enredo de caráter histórico (que são os que mais gosto), mas acima de tudo: extremamente envolvente.

A história real que embasou o livro ocorreu no século XVIII, quando em uma viagem sem grande destaque para a Marinha real, com o intuito de buscar no Taiti e introduzir às terras conquistas pela coroa britânica mudas de fruta-pão para alimentar os escravos, tudo se é transformado no maior motim da marinha britânica. Após uma estadia “prazerosa” na ilha do Taiti, a revolta de boa parte dos tripulantes é fomentada com a partida, tendo por liderança Fletcher Christian. Sem grande bens para sobrevivência, o “capitão” do navio, ao lado de 18 marinheiros que ficam ao seu favor são expulsos do navio e colocados em um pequeno barco, à deriva, em uma luta extraordinária pela sobrevivência e retorno à Inglaterra.

A história, contendo por bases o motim retratado é contada pelo personagem John Jacob Turnstile. Um garoto órfão de 14 anos, com um passado doloroso, criado e educado para o rouboCerto dia ele é pego furtando o relógio de um fidalgo apresentado por Matthiew Zéla. Porém, sua última vítima lhe coloca duas alternativas: ficar preso ou embarcar em uma viagem marítima. Tendo ele aceito a segunda opção sem sequer saber tudo o que lhe esperava. Sendo incumbido da função mais baixa do navio, tendo por serviços estar à disposição do capitão em todas suas necessidades (desde fazer-lhe o chá até engomar suas roupas), o menino conhece um mundo totalmente diferente do que conhecia e passa por uma série de aventuras que além de inesquecíveis, o fazem crescer, e muito, durante os dois anos que permanece no mar (1787 a 1789).

Eu destaco, redundante por sinal, o apreço que tenho pela escrita de John Boyne. E nesta obra ele não foge de sua característica particular de adequação da linguagem. É possível sentir o personagem, seu jeito, sua classe social, a idade tida e todas características de sua personalidade, através da maravilhosa colocação da linguagem de acordo com tais características.

O cenário é explorado com o cuidado na caracterização dos personagens e fatos. Se é colocado em meio a personagens temerosos e submissos ao rei; com visão de superioridade àqueles julgados como “selvagens”, não adeptos ao cristianismo; supersticiosos ao estremo e cercados da hierarquização em todos os âmbitos, inclusive nas funções ao mar. Sem contar nos castigos físicos para imposição de respeito. Na história real, não há uma exatidão entre se William Bligh ou Fletcher Christian posicionam-se como herói ou vilão, ou ainda qual ocupa qual característica. Porém, fica claro na leitura a posição sobre o heroísmo de Bligh e o vilão sombrio recaído a Fletcher Christian. Por mais que em alguns trechos seja posto o temor do protagonista na posição da sociedade sobre a situação, sobre como Bligh será considerado. É evidente que toda a história se volta para transpassar o lado positivo à seu favor. Caracterizado como um homem justo, digno e leal, que luta por aquilo que acredita, sem temores. Apesar das colocações, dotadas de eufemismo acerca da transitoriedade de seu humor e seus ataques de violência, o heroísmo lhe é atribuído.

John Jacob Turnstille, ou Tutu como fora apelidado no navio é desvendado no decorrer das páginas. Um menino leigo em questões marítimas que, aos poucos cresce, se descobre como homem e ainda mais: se mostra em suas fragilidades. O leitor é posto em contato com o passado, frágil, o presente, de crescimentos e ao seu futuro, de grande homem, o que toma de grande apego ao personagem, em sua inocência e ao mesmo tempo maturidade.

O livro leva ao conhecimento dos fatos históricos envoltos no motim, de forma fidedigna aos fatos, decorrentes do estudo do autor que é posto na obra para tal reconhecimento, mas cercado e acrescido de aspectos para tornar a leitura mais interessante ainda do que já é. Aos fãs de John Boyne ou de retratações históricas, vale muito a pena ler. E aqueles que não gostam, vale também se encantar pelo jovem Tutu e e sua inesquecível aventura.


         "Mas um jovem como você devia ter sempre acesso aos livros. Eles enriquecem o espírito, sabe? Fazem perguntas sobre o universo e nos ajudam a compreender um pouco mais do nosso mundo."

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5 Comentários

  1. Oiii Vanessa, tudo bem?
    Realmente tenho muito interesse em ler essa obra a algum tempo já, parece ser um assunto que com toda certeza eu iria me interessar e gostaria de ler. Ficaria feliz em ler as suas opiniões e os destaques, me deixando com vontade de ler huahuahuahua preciso comprar!
    Beijinhos

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  2. já ouvi falar muito bem desse livro dele, mas ainda não tive chance de ler. conheço a escrita e gostei, inclusive... pela premissa, eu leio. E sabendo pela tua resenha o quanto a gente se envolve com a leitura, já está adicionado na wishlist... espero gostar tanto quanto você, Nessa...
    bjs ^^

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  3. Oi Vanessa.
    Eu ainda não li nada do John Boyne, mas tenho muita vontade. Vejo muitas resenhas positivas sobre seus livros e já coloquei na minha lista de desejados.

    Beijos
    http://aventurandosenoslivros.blogspot.com.br/

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  4. Vanessa, já ouvi falar muito do livro e do autor, mas nada li dele.
    Pela premissa percebi que não é o tipo de livro que leio, mas sua resenha foi tão boa e convincente que fiquei curiosa para ler.

    Lisossomos

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  5. Oi, tudo bem?

    Não membro de ter lido nada do autor, mas confesso que esse livro, em esoecial, que já vi muito por aí, ele nunca cativou o meu interesse.
    Mesmo com un assunto que me chama a atenção e com a sua resenha positiva, ainda assim, contínuo sem muito interesse na oba. Por isso, vou deixar a indicação passar.

    Beijo!

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