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A criança que fui chora na estrada
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada
Já não sei de onde vim nem onde estou
De não o saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte de onde posse enfim
O que esqueci, ilhando-o relembrar
Na ausência, ao menos saberei de mim
E ao ver-me tal qual ao longe fui ao achar
Em mim um pouco de quando era assim.
O poema “A criança que fui chora na estrada” é de autoria do poeta português Fernando Pessoa, uma das figuras centrais da literatura moderna em língua portuguesa. A frase-título corresponde ao primeiro verso do poema e é bastante citada por seu caráter existencial, nostálgico e reflexivo, revelando a dupla consciência presente na obra de Pessoa: a do homem adulto e a da criança interior.
Novas Poesias Inéditas, organizado por Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno. Publicado em Lisboa pela editora Ática, em 1973
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