Café Poético: poesia de Jurema Chaves sobre a passagem da vida e a essência do ser

No Café Poético de hoje, trago os versos da poeta gaúcha Jurema Chaves. Em sua escrita sensível e crítica, ela nos conduz por entre paisagens naturais e reflexões profundas sobre o tempo, o poder e a efemeridade da vida.

 

O SENTIDO DA VIDA 

Mesmo com chuvas e ventos
Com ressacas ou calmarias
posso sentir a alegria
Posso sentir pelos ares
As camélias suspirarem
pela brisa bocejando
nos umbrais avarandados
Das casas simples do campo

Na natureza esculpida
As cores vão projetando
uma moldura perfeita
que o homem tenta imitar!
Em sua fome de poder,
Creem ser donos do mundo
Sem pensar por um segundo
Que tudo vai perecer

Não somos donos de nada
Estamos aqui de passagem
Para essa aprendizagem,
para polir as nossas almas
Com sabedoria e calma
Enfrentar as adversidades!
O preconceito e a ganância
Assolam o mundo em que vivemos
Prisão sem muros nem grades
Prisioneiros de nós mesmos

Ricos ou pobres, todos vão
Para o mesmo fim, com certeza
Deixando toda a riqueza
Motivo de tantas guerras
A semear na terra
O desafeto e a inveja
E todo aquele que almeja
O seu ouro acumular
Vai esquecendo de amar
Seguindo o rumo das trevas

Jurema 60 anos de Poesia. Porto Alegre: Bastos produções, 2021. P.141 

Minhas considerações:

Conheci a força da poesia de Jurema Chaves há alguns anos, durante uma ação literária e intercultural em uma escola onde eu trabalhava. Desde então, sempre que posso, me permito olhar para os seus versos e me encantar com a profundidade de suas palavras.

Jurema escreve com raízes profundas no sul do Brasil. Seus versos regionais nos conduzem com brilho e sensibilidade às belezas do campo, mas também nos falam da vida, da infância, do tempo... Essências que nos mantêm firmes no dia a dia de nossas existências.

Gosto especialmente de sua linguagem leve e fluida, que nos envolve e nos convida a passear pelos cenários que ela vai tecendo, estrofe após estrofe, como quem borda a alma com poesia.

 

🌿 Que sentimentos te atravessaram ao ler essa poesia? Deixe nos comentários.

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