Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros

Hoje trago a vocês a resenha do livro Memórias Inventadas: as infâncias de Manoel de Barros. Este livro foi uma indicação de uma amiga muito querida. A Carlinha Campos. 

Em uma conversa lá no início do ano ela me emprestou este livro e disse que eu ia gostar da leitura. Como vocês podem ver demorei um pouquinho para ler. Mas eis-me aqui para contar a vocês como foi. Aproveitando a oportunidade incluí este livro na leitura do Projeto 12 Books que este mês tinha como desafio a leitura de um livro escrito por um homem


Memórias inventadas é um livro escrito em versos e reúne história das três infâncias do autor - Infância, mocidade, idade adulta - A ideia primeira era publicar um livro falando de sua infância, outro da mocidade e mais um sobre a velhice... Mas depois que publicou os primeiros poemas o poeta se deu conta de que sua vida fora sempre uma linda infância. 

A leitura de Memórias Inventadas é uma leitura fácil que flui de maneira encantadora. Os versos do poeta são limpos, leves e ao mesmo tempo atingem uma profundidade incrível para quem lê. ( percebi assim).  

Intercalado entre versos e iluminuras lindas feitas por sua filha e pintora Martha Barros, Manoel de Barros vai nos introduzindo em suas lembranças. Nos mostrando sua relação de curiosidade com as coisas simples da natureza e da vida humana. E de forma magnífica nos faz perceber coisas que na vida corrida das cidades poucas vezes colocamos em primeiro plano.


Outra percepção que o autor nos proporciona em todos os momentos do livro e a sua relação com a Palavra. E em um dos textos ele chega a dizer assim:

"Fomos formados no mato - as palavras e eu. O que de terra a palavra se acrescentasse, a gente se acrescentava de terra. O que de água a gente se encharcasse, a palavra se encharcava de água. Porque íamos crescendo em par..." p.171
Durante a leitura é possível, rir, é possível se emocionar com as realidades que o autor nos apresenta e é possível pensar sobre a forma que levamos a vida.

Vou confessar a vocês que minha maior dificuldade nesta leitura foi não poder marcar o livro, pois ele é emprestado né! (rs) mas acho que foi uma experiência boa. Não marcando eu fiquei mais tempo em cada ponto que me despertava  a atenção e agora é como se eu tivesse um mapa do livro. Guardando aqui junto comigo.

Vale dizer que embora os versos sejam claros e transmitam uma mensagem "em linha reta" - digo isto porque o autor diz o que realmente que dizer- ele usa as coisas da vida e acaba fazendo com que nós fiquemos com a parte das metáforas. Nós que expandimos o texto. Mas além disso, há uma forma de escrever bem peculiar do autor que está intimamente ligado com o que ele próprio fala de desconstruir para construir.

" ... Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavra mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavras engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam..." p.43

Se eu pudesse ficaria aqui horas e horas compartilhando com vocês as belezas que encontrei neste livro. Mas tenho certeza que se vocês lerem também encontrarão. Então deixo a super dica. Se você gosta das palavras, quer "conversar" sobre as coisas da natureza e da infância não deixe de ler esta obra.

Quando terminei o livro olhei no Skoob e vi que três pessoas abandonaram a leitura. Confesso que fiquei triste, porque este livro é daqueles que você vai entrando no ritmo e no final as coisas vão se encaixando. É como uma trilha... Você só vai saber o final se persistir para chegar até lá.

É isso gente.Agradeço muito à Carlinha pela indicação. Acrescentou demais à minha formação e tu sabes disso. =)

Se vocês quiserem ler um dos poemas que está no livro podem acessar a page do blog (aqui) coloquei lá para não sobrecarregar a postagem da resenha. Um abraço!



Título: Memórias inventadas de Manoel de Barros
Autor: Manoel de Barros
Iluminuras: Martha Barros
Editora: Planeta do Brasil
Ano: 2008
Páginas: 189


Vanessa Vieira

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14 Comentários

  1. Oi Vanessa!
    Que lindo esse livro, as ilustrações estão belíssimas!
    Adorei quando ele diz que sua vida foi uma eterna infância!

    Beijos,
    Fernanda
    www.oprazerdaliteratura.com.br

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    1. Olá Fernanda! Esta parte foi uma das mais emocionantes pra mim. Imagine, viver uma eterna infância. Bom demais né! <3

      Um abraço!

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  2. Uma vez eu fui numa biblioteca pública daqui e o encontrei, velhinho, velhinho. Último poeta vivo, eu acho. Esse, na verdade, é o único livro dele que eu li, mas esse também me parece ótimo,
    bjus

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  3. Nunca li nada do Manoel Barros, e acho que essa é uma das poucas vezes que vejo um blog falando sobre o trabalho dele como autor. Normalmente eu diria que não iria ler esse tipo de livro, mas quero dar uma chance.

    http://laoliphant.com.br/

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  4. Oi Vanessa, tudo bem?
    Não conhecia o livro, mas fiquei com vontade de ler.
    Gosto muito de livro que fazem os leitores rirem e se emocionarem.
    Bjs

    A. Libri

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  5. Oiiii, tudo bem?

    Não conhecia este livro. Que coisa mais linda. Amei. Achei tão delicado a capa, a ilustração, tudo muito fofo. Gostaria sim de viajar nesta leitura.

    Adorei a resenha.

    beijinhos

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  6. Olaaa
    É um ótimo autor, bem falado e espero ler quando tiver mais no clima e com paciência, foi uma ótima dica,vou anotar.

    Beijos
    Reality of books

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  7. Vanessa lindona amo livros com ilustrações pareço criança, sua resenha ainda me fez querer ler logo, me aventurar rir e refletir sobre o que livro passa. Amei as quotes . beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  8. Hey, tudo bem?

    Lembro que li esse livro nos meus 12 ou 13 anos e ele simplesmente deixou uma marca em mim, sabe. Ainda lembro de um trecho ou outro e a sensação que a leitura do mesmo me causava. É uma escrita tão delicada, tão atenciosa e passa tanto ao leitor. Eu sinceramente adorei.

    Beijos,
    Dois Dedos de Prosa

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  9. Ei Vanessa, sou eu, a Carlinha.... Bom saber que o livro mexeu com vc.... assim como fez comigo. Quem me indicou foi uma amiga de Juiz de Fora, Cida, uma professora de UFJF. Veio passear em minha casa e trouxe na bagagem este livro. Eu já o conhecia desde 1987. Comecei a ler, mas Cida se foi... e o livro , lido pela metade, também se fora.... Internet, google, e chan!!! encontrei o livro. Chegou no inverno. Ao deitar, um chazinho quente ao lado da cabeceira e o Manoel e suas infâncias, todos juntos..... e a cada letra, palavra, ficava maravilhada com esse "inventor" de palavras. Pena que ele se foi.... mas deixou tantas "estórias" fofas e e aconchegantes que não me canso de lê-las.

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  10. A propósito, Vanessa, acho que você merece ficar com o livro. É o meu presente... vc é solidária.... lembra daquele domingo esquisito? bjs no seu coração.
    Carlinha

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  11. Oi, tudo bem?
    Confesso que o livro não chamou minha atenção, acho que não leria. Fico feliz que você gostou, é tão bom quando nos identificamos com uma leitura assim.
    beijos
    http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/

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  12. Oi Vanessa,
    Gostei muito da sua resenha e achei a diagramação do livro muito linda, mas sinceramente, eu não sei se o leria, eu tenho um problema com poesia, travo sabe e um livro em versos assim seria uma problema para mim.

    beijos
    Mayara
    Livros & Tal

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  13. Oi, Vanessa!
    Adorei a ideia conceitual das três infâncias. É bom saber que a vida do autor não passou de uma longa e maravilhosa infância. As vezes me sinto assim também! Não gosto de poemas, mas fiquei com vontade de ler só pela identificação que tive com o autor.
    Com carinho,
    Celly.

    Me Livrando: Livre-se você também!

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