Momento Inspirativo #1

 Por Vanessa Ribeiro

prisão, reflexão, vida, pensamentos, crônicas, Pensamentos Valem Ouro

O sol abrilhantava aquela tarde. E eu, querendo fugir do mundo, havia me encontrado com o real dele. As árvores dançavam na sintonia musical na qual Deus, criador, as fizera. É incrível como elas bailam nas músicas dos vendavais, não? O verde encantava meus olhos e meus pulmões finalmente agradeciam por manter-se, por alguns minutos, longe da poluição.

Teria eu que contar que nunca fora fumante, mas era mais um da lista de tuberculosos do mundo? Pois bem, passei minha vida toda sem colocar um único cigarro na boca e cá estou eu, em estado terminal. E quantas coisas mais somos colocados no mundo, sem sequer termos culpa? Lembro-me de ver, certa vez, um menino jogar lixo no chão. Outro dia, descobri que meus vizinhos tinham um carro para cada um da casa. Eles eram em 5 pessoas.

É cômico e trágico que o pequeno e inconsciente garoto vá para a faculdade e meus vizinhos desfrutem a mais bela paisagem em um cruzeiro, enquanto eu, que sempre morei em uma pequena casa de quatro cômodos, com uma mini varanda e dependente de uma bicicleta velha, esteja contando os segundos antes de meus pulmões pararem de funcionar. Eu, sem culpa, pagando pelo crime que não cometi.

Sorri, juro que se visse minha expressão magra sorrindo, teria se espantado. Rindo de desgraça? Rindo da morte? Não, meu caro, apenas rindo dessas ironias que a vida se transforma. Eu simplesmente sou como aqueles caras das manchetes de Tv, que vão presos, condenados por matar um certo alguém. Eu sou aqueles caras nesse momento. Geralmente, você deve saber que há dois rumos: o primeiro, no maior estilo conto de fadas e que o danado precisa de muita sorte, onde finalmente descobrem que ele é tão inocente quanto o pássaro que passou na rua do crime naquele momento, então tudo bem, a vida liberta. Mas eu? Sou aquele pobre coitado que passa o resto da vida trancafiado por trás daquelas grades simplesmente por não ter estado atrasado naquele dia, como de costume. Mas, no meu caso, estou condenado simplesmente por ter respirado.

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