À beira da rua, uma conversa.

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Há algum tempo venho pensando sobre o tema, mas no vai e vem dos pensamentos, o tempo passa e acabo não registrando. O fato é que sempre me chamou a atenção a atitude que algumas pessoas têm de ficar sentadas à beira das calçadas na porta de suas casas. Nas grandes cidades não sei se ainda há esse hábito, mas por aqui e nas cidades vizinhas ocorre e muito. 

Quando estou a caminho da casa da minha mãe, sempre que passo, vejo idosos e jovens sentados em banquinhos, cadeiras e até mesmo no meio fio. Alguns pensativos solitários, outros com largos sorrisos nos rostos conversando com seus amigos, provavelmente vizinhos. 

Parece mesmo uma festa, vejo pessoas felizes, curtindo a vida, mas algo me desconcerta. O movimento de carro envolta é intenso. Há pessoas indo e vindo a todo momento, pois embora não seja uma cidade grande, nossa cidade é movimentada e com certa atividade ao longo do dia. Ou seja, há um caos ao redor de tanta tranquilidade e sorrisos.

Minha pergunta rotineira ao ver esta cena é: “o que chama a atenção dessas pessoas para saírem de suas casas e estarem assim, na rua? O calor, o frio, a fadiga, o prazer, tradição? Realmente não consigo mensurar. Mas também não condeno. Só me intrigo e confesso que acho poético quando me deparo com algumas cenas. 

Descobri que em alguns lugares há mesmo, tradições de conversas na beira da calçada, acho que isso pode ser um sinal de resposta para minha pergunta interna. E um alívio também, confesso. Algumas vezes cheguei a pensar que me faltava sensibilidade diante deste fato. Afinal, se as pessoas querem sentar à beira da rua, que tenho eu com isto? Já tentei deixar de lado, disfarçar o pensamento, mas não consigo. Sempre que me deparo com a situação reflito. Reflito, mas não consigo encontrar o mistério que mexe com minhas emoções e me desconcerta! 

Como não existe resposta para tudo, nem de imediato, aguardo. Quem sabe um dia, num dado momento!? Até lá, ando aceitando meu desconcerto e sigo tentando entender a mágica que acontece nas conversas à beira da rua, no aconchego das movimentadas calçadas.  


Vanessa Vieira
Búzios,2024

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5 Comentários

  1. Olá, Vanessa
    Bom dia
    Nas terras pequenas, nas aldeias, é comum as pessoas se sentarem à porta de casa, um hábito que, penso, já vem de muito longe. É a conversa, é ver o movimento, pouco nessas terras, é contar as coisas do quotidiano. Nas cidades com o movimento de carros e de pessoas no passeio não tenho conhecimento, mas será também da solidão que acometem as pessoas fechadas entre quatro paredes.
    Gostei muito do seu texto e do tema que desenvolve.
    Tenha uma boa semana.
    Beijinhos
    Olinda

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  2. Na minha cidade tinha esse hábito antigamente também. Hoje em dia, nem tanto. Mas as pessoas eram mais saudáveis e felizes ao jogarem conversa fora. Ficar longe das redes sociais e do celular tem o seu ponto positivo.

    Boa semana!

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    Até mais, Emerson Garcia

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  3. Também sempre gostei de me sentar num banco de jardim para falar com amigas e amigos. É uma coisa que descontrai imenso. Uma boa semana.
    Um beijo.

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  4. Acredito que seja um livro fascinante de ler.
    .
    Saudações poéticas e amigas
    .
    Poema: “ É doce Viver o Amor “
    .

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  5. Oi Vanessa!
    Eu acredito que tem mais de um motivo que leva as pessoas a gostarem de ficar nas calçadas. Um deles são as conversas com os amigos que amenizam a solidão de tempos onde a gente parece estar tão próximo dos outros, mas estamos cada vez mais distantes. E o outro motivo é passar o tempo observando o movimento da rua que é algo bom de fazer, mas que se perdeu com o tempo até por conta da violência nas cidades.

    Gostei muito de embarcar nessa reflexão com você.
    Um abraço!

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