Resenha: Drácula Apaixonado - Karen Essex




Titulo: Drácula Apaixonado
Autoria: Karen Essex
Idioma: Português
Tradução: Márcia Alves
Editora:  Record
Ano: 2013
Números de Páginas: 392
Gênero: Romance estrangeiro
ISBN: 978-85-010-9204-5
Sinopse: O ano é 1980, e a jovem professora Mina Murray está comprometida com o homem dos seus sonhos. Mas seus frequentes pesadelos estão prestes a revelar algo que há séculos atormenta sua alma: ela é objeto de desejo do intrigante conde Drácula. Quando o noivo parte em uma viagem a trabalho, ela decide passar um tempo em Witby com sua querida amiga Lucy e a mãe dela. Mas então coisas terríveis acontecem, e Mina é levada em uma viagem mítica muito além da compreensão humana, na qual se vê obrigada a tomar uma decisão adiada por quase um milênio. 



Fantástico! Se houvesse a obrigatoriedade de descrever tal livro em uma única palavra, usaria desta ou de adjetivos similares a tal. Não há como não terminar a leitura sem estar boquiaberto com o Tudo que é e que envolve a trama. Pois, caros leitores, se vocês assim como eu têm uma quedinha por histórias dominadas pelo sobrenatural, e ainda mais, adoram o bom e tradicional vampiro protagonista, preparem-se para um enredo com boas doses disso tudo e fora de todos os padrões de livros desse estilo do qual já tive o contato ou prazer de ler.

A história se passa no ano de 1980, e conta acerca da professora Mina Murray. Típica exemplo de dama da época, Mina é uma jovem professora que trabalha em um colégio que tem como especificidade ensinar às meninas como “portar-se e ser uma dama”. Ou seja, aulas de bons modos, de comportamento. Ia de postura ao caminhar a como segurar uma xícara. E, obviamente, Mina era dotada de todos os atributos de uma perfeita dama. E como prova de sua exemplar postura, estava noiva de um importante advogado.

Uma vida perfeita, segundo suas concepções. Porém, a jovem desde pequena era amedrontada por uma série de pesadelos, que acreditavam-se pois ser fruto da imaginação desta ou de um pacto seja lá com quem quer que fosse.

Porém, tudo começa a mudar quando, após seu noivo ir fazer uma viagem a trabalho, que aliás prometia melhorar as condições financeiras do apaixonado casal, ela viaja para Witby, em visita a uma antiga e queria amiga, Lucy, e sua mãe. E aí, a vida “perfeita” da nossa protagonista começa a ir por um caminho diverso ao planejado. Terríveis acontecimentos a reservam e inesperadas surpresas surgem, mas acima de tudo, um mundo místico e paralelo abre-lhe as portas, a induzindo a uma difícil escolha (que é de se tirar o fôlego).


A história não é só mais uma acerca de seres sobrenaturais apaixonados por meros mortais, e o tradicional drama. Longe de tudo isso. Nada mais justo que iniciar pela “ferida” mais tocada: a posição da mulher na sociedade. É perceptível que há um ar de transitoriedade de mentalidade que é focado no preconceito e na submissão a que as mulheres viviam e ao nascimento de seus desejos por mudança.

Ao meu ver, na maior parte do livro, Mina é o exemplo perfeito para qual, na época, deveria ser o comportamento da mulher. Mas também a uma série de outros exemplos que destacam diversos pontos da sociedade da época. A mulher não tinha vez, nem voz e nem nada. Eram julgadas muito mais fracas que os homens, que biologicamente estariam predestinadas a submissão e que seriam culpadas pela fraqueza de seus filhos. Aliás, a mulher tinha sim espaço, na posição de boa mãe e esposa. O mercado de trabalho inseria as muito pouco (e ai de quem engravidasse... Demissão, na certa!)

O erotismo vem a acrescentar, ao meu ver, à questão da tentativa feminina de emergir nessa sociedade. Acrescenta pois o quesito de a mulher tanto sentir quando poder sentir prazer. Mas ainda assim, acerca do preconceito e da diferenciação, ficando claro que na época, o homem poderia sair com outras mulheres tendo por julgo apenas o seu eu. Já na situação de a mulher, esta tinha todo um julgado moral-social e julgadas em seus valores. A ressalva vem também, pois, na visão de que o sexo era um complemento ao amor, aos sentimentos relacionados a outra pessoa. Como um elo entre ambos.

"Eu fitava as chamas que faziam ressurgir imagens e lembranças dos meus primeiros dias com ele neste mesmo quarto há tantas vidas passadas. Não existe explicação para o amor; nenhuma palavra que seja dita se compara com sua silenciosa alegria. E se isso era verdade no nível do amor comum entre dois mortais — caso o amor possa ser considerado comum —, então era mais verdadeiro ainda em se tratando de um amor que se metamorfoseou em diferentes corpos e em diferentes eras ao longo dos séculos." (p. 262)

Eu acho difícil ter opiniões acerca de personagens quando a história se passa em uma época diferente. É fácil, aliás, julgar segundo os valores e opiniões que tenho, tanto tempo depois, não? Porém, eu preciso dizer-lhes que há momentos que eu realmente não simpatizava com a protagonista. Talvez pelo meu sempre apego às heroínas valentes e corajosas, há momentos que eu acho ela muito “mimimi”, ou seja, necessitando de boas doses de coragem. Mas assumo que, contradigo-me totalmente quando “esta mulher” me conquista nas últimas páginas. Ela se transforma totalmente e se torna a protagonista que eu tanto esperei que surgisse bem antes.

E o ponto que, dentre tantos, conquistou-me ainda mais foi na utilização de um personagem lendário. Drácula é um clássico histórico, que em todos os cantos se tem conhecimento da história, e eu diria que foi muito bem usado. Foi um perfeito misto entre atributos comuns a ele, mas que ficaram inseridos em uma contextualização e história que o transformava totalmente, deixando um elo entre ambos, mas sem soar mais uma cópia qualquer.

É marcante quando se retrata os hospícios e os tratamentos da época. Não irei expor os motivos que nos levam a tal cenário para não estragar a leitura daqueles que ainda não a fizeram, mas acredito está longe de spoilers dizer que nada é o que parece. Sem dúvidas, é cruel imaginar as atrocidades ocorridas e principalmente, em questão histórica, às atrocidades ocorridas em “prol da ciência”. Quantas bizarrices não foram acobertas? Quantas atrocidades não aconteceram dentro das paredes de hospitais, hospícios e similares? É cruel e difícil pensar a respeito, não?!

O final é arrebatador. Eu fiquei um tanto chocada com o desfecho, para ser mais franca. Como dito, eu não a achava tão valente assim. Eu esperava um clichê qualquer dos quais costumamos ver, mas claro, a autora conseguiu simplesmente encerrar de uma forma a não ter “pecado” em nenhum trecho do livro (estava esperando mais uma decepção no final porque tem uma grande parcela que me aborrece demais com os finais, que estragam todo o enredo). Simplesmente foi concluído de uma forma que o leitor fica boquiaberto, não espera e acaba que faz todo o sentido, sem ficar sem nexo ou inadequado à história. Bom do começo ao fim.


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3 Comentários

  1. Olá! O Pensamentos Valem Ouro foi um dos meus blogs indicados para o Prêmio Dardo Bloggers. Venha dar uma conferida, e aproveite para indicar os seus quinze blogs favoritos.

    Admirável Mundo Inventado – Prêmio Dardo Bloggers

    Beijão!

    P.S.: Verônica Lira = Talita Vasconcelos, autora parceira de vocês ♥

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    Respostas
    1. Olá Verônica! Muito obrigada pelo carinho! *-* feliz com a indicação! =)
      Abraço!!!

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  2. Van que arraso de resenha! Confesso que estava com o pé atrás com este livro, mas estou reconsiderando viu! =)

    Beijo!

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