Resenha: O que eu nunca disse antes - Federico de Rosa

 O que eu nunca disse antes: Eu, meu autismo e no que acredito




Título: O que eu nunca disse antes: Eu, meu autismo e no que acredito
Autor(a): Federico de Rosa
Editora
Paulinas
Coleção:
Superação
Páginas:
184
ISNB:
9788535641301


Sinopse: Lançado em maio de 2016 por Paulinas Editora, o livro autobiográfico “O que eu nunca disse antes”, escrito por Federico de Rosa, um rapaz autista com profundas dificuldades de comunicação, impressiona pela profundidade e lucidez.  Federico descobriu que conseguiria expressar-se por meio do computador aos 8 anos de idade; aos 20, não só concluiu o Liceu Científico (equivalente ao Ensino Médio brasileiro), mas também tem amigos e frequenta a paróquia de seu bairro. Nasceu em uma típica família italiana, numerosa e feliz. Era um bebê lindo, loiro e de olhos azuis. Com 1 ano de idade, porém, os pais perceberam que ele começou a fechar-se em si mesmo, sem demonstrar interesse pelo que acontecia ao seu redor e sem reagir às tentativas de interação. Crescia incapaz de compreender o mundo, de responder às pessoas, de estabelecer relacionamentos.  O autismo foi diagnosticado bem cedo, e sua família o acompanhou de perto desde o começo, com o apoio de terapeutas, educadores preparados e muito amor – o que, segundo ele, sempre foi o mais importante para o seu desenvolvimento. Seu objetivo, ao publicar o livro, é ajudar as pessoas autistas que sofrem por não conseguirem ser compreendidas e construir uma ponte que as ligue à “sociedade neurotípica” (como nomeia os “não autistas”), demonstrando que o fato de estarem “presas” dentro do autismo não as torna loucas, burras ou perdidas em outro mundo. Ao contrário, têm medos, esperanças e muitas frustrações por não conseguirem fazer tudo o que os outros fazem. Uma obra muito interessante para quem quer saber o que existe “do outro lado”, dentro do coração e da mente do autista, especialmente em casos como o dele, em que a comunicação é tão difícil. Pode ser de muita ajuda, especialmente para os familiares e para as pessoas que mais convivem com autistas, como educadores e colegas de escola.


A comunicação é o ponto chave para a vida em sociedade. Por muitas vezes enfrentamos algumas dificuldades no convívio social e na própria forma que  realizamos uma boa comunicação o que evidencia o quanto, o que parece simples, torna-se complicado.

Todavia, somos indivíduos que não apresentamos distúrbios significativos no funcionamento psíquico, sendo considerados neurotípicos.

Para os autistas a comunicação não é uma tarefa simples: "Nós, autistas, que carecemos da visão imediata do todo, estamos, ao contrário, ocupados em processar mentalmente um grande número de detalhes para entender alguma coisa e, muitas vezes, sentimentos ansiedade de fazê-lo rapidamente, antes de precisar agir sem ter entendido as situações da vida neurotípica que, frequentemente, são obscuras misturas de cascatas de palavras, de comunicações não verbais e de significados implícitos não ditos." (Federico de Rosa, p.85)

Em seu livro autobiográfico, o escritor italiano Federico de Rosa, vinte anos de idade, nos apresenta o seu universo particular. O autor possui transtorno do espectro do autismo (TEA) em uma das formas mais graves. Teve seu diagnóstico na infância.
“Ouço muitas histórias tristes de autistas encostados na escola durante cinco anos, até mesmo sendo objeto de escárnio ou bullying. Quem sabe quantos deles teriam tido sucesso se tivessem sido ajudados como eu fui?” (p.101)
Ele nos participa um pouco da sua trajetória de vida, fala do amor incondicional de seus pais e irmãos, do seu convívio social, da gratidão aos médicos e professores que o assistem até hoje, de seus sonhos e a obstinação em buscar a comunicação com a sociedade neurotípica.
"Entre mim e vocês as etapas da vida e as tendências de cada idade são diferentes, mas isso não é um problema; a diversidade em si é um valor, é riqueza e variedade da nosso humanidade comum." (p.22)
Federico encontrou no meio tecnológico o caminho eficaz para realizar seus estudos e se comunicar com as pessoas. Utiliza seu computador para expressar seus sentimentos e conversar com os amigos próximos e está realizando um de seus sonhos ao publicar esse livro e poder ser “ouvido” por mais pessoas além do seu convívio.
"Compreendo  a linguagem, mas preciso de mais tempo do que o disponível num diálogo verbal, ou talvez seja melhor dizer, de mais calma, de uma condição menos premente e ansiogênica, muitas vezes bloqueadora." (p.68)
Com relação a obra física, o livro apresenta excelente diagramação, folhas brancas, com fonte em tamanho regular tornando a leitura rápida e agradável. A arte gráfica da capa e o design do livro, na minha opinião, valorizam satisfatoriamente o conjunto da obra.


A história de superação de Federico é exemplo de vida que vale a pena ser contemplada e que nos sirva de reflexão constante, recomendo a todos que tenham a oportunidade que não deixem de ler. Por fim deixo-lhes está última citação: “Se você assenta um tijolo, depois outro e não para mais, um dia perceberá que construiu uma imensa e maravilhosa catedral onde antes não havia nada.” (p.28)

Federico de Rosa estou imensamente feliz ao me comunicar com você, quando li a sinopse e a capa do livro senti, imediatamente, a vontade de conhecer a sua história. Havia uma certeza em mim que não seria apenas mais uma leitura ou uma simples biografia, mas uma verdadeira lição de vida e humanidade.

Satisfeito e extremamente feliz fiquei ao concluir essa emocionante história onde o amor, a fé e a perseverança venceram os obstáculos que por muitos são tidos como intransponíveis. Saber que não há limites, que podemos vencer é uma lição que devemos aplicar diariamente. Parabéns a editora por tornar acessível aos brasileiros e leitores de língua portuguesa obra tão essencial.

Uma boa leitura a todos!

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