JĂĄ tive a oportunidade de visitar algumas escolas e conversar com crianças sobre meu processo de escrita. Sempre fico encantada com a curiosidade delas — especialmente quando perguntam: “Mas por que vocĂȘ escreve?”
No começo, eu respondia simplesmente que era porque gostava. E era verdade. Mas, com o tempo, percebi que havia algo a mais. Escrever, para mim, Ă© mais do que gostar: Ă© uma forma de estar no mundo. Ă como se existisse uma delicadeza no olhar que insiste em buscar sentido nas coisas pequenas, uma sensibilidade que me convida a enxergar para alĂ©m da superfĂcie.
Costumo dizer que eu tento ver o que estĂĄ alĂ©m da existĂȘncia natural das coisas. No corre-corre dos dias, mal notamos o canto dos pĂĄssaros nas primeiras horas da manhĂŁ. Muitas vezes, passamos por flores que desabrocham na calçada sem sequer percebĂȘ-las. Mas hĂĄ poesia ali.
HĂĄ poesia no cotidiano, mesmo quando tudo parece cinza.
No som da chaleira que apita, no barulho da chuva que toca a janela, no abraço apressado de quem ama, no cheiro do pão recém-assado que atravessa a rua e nos leva de volta à infùncia.
Confesso: nĂŁo Ă© fĂĄcil manter esse olhar atento. Exige pausa. Escuta. Coração aberto. Mas foi esse movimento — de parar, ouvir, reparar nas entrelinhas da vida — que me sustentou em muitos momentos difĂceis.
A poesia, para mim, não estå apenas nos versos. Ela se espalha nas coisas simples, naquilo que a maioria esquece de ver. Estå no cotidiano, disfarçada de rotina, esperando por um olhar curioso que a revele.
Encontrar poesia no cotidiano Ă© como acender uma luz em meio Ă pressa — Ă© lembrar que ainda hĂĄ beleza, mesmo nos dias comuns.
E vocĂȘ? JĂĄ encontrou poesia hoje?
3 ComentĂĄrios
OlĂĄ Vanessa! A poesia estĂĄ em todos os lugares sim. Em todos os movimentos da generosa natureza, hĂĄ um verso pronto esperando ser lapidado, como bem exemplificou. Quando criança adorava o barulho da goteira da chuva sobre uma lata esquecida no terreiro. Na casa de minha vĂł, onde a agua chegava por varas de bambu e jorrava 24 horas, aquele som dela caindo numa grande gamela, era poesia para o menino. HĂĄ poesia em nossos olhos, cabe a nĂłs extraĂ-la.
ResponderExcluirGrato pela amavel visita, que me troiuxe aqui para sua linda prosa.
Um bom e feliz domingo de uma semana com poesia nos olhos.
Carinhoso abraço de paz e luz..
Concordo contiugo,Vanessa!
ResponderExcluirNĂŁo sou poeta mas sei ver e admirar, perceber poesia nas coisas mais simples do dia a dia!
Lindo domingo! beijos, chica
Ă© muito bom dividir o gosto por escrever, ler, Ă© sempre inspirador. beijos, pedrita
ResponderExcluirOlĂĄ querido leitor! Seja bem-vindo ao Pensamentos Valem Ouro, temos aqui um espaço aproximar nossas redes e trocar ideias. Ficarei feliz em ler tua ideia. E sempre farei questĂŁo de respondĂȘ-la! Fique a vontade!
Desde jĂĄ, obrigada pela visita!
Vanessa Vieira <3